27.10.06

Eggert Spiel

Sou um cara sortudo. No começo desse ano foi a segunda vez que participei de um evento muito legal. Cerca de 300 fanáticos se enfiam em um hotel e jogam por dez dias seguidos, vem gente de todas as partes dos Estados Unidos e Europa, cada um trazendo seus jogos favoritos e novidades, quase todos usando o tempo de férias para o que mais gostam - jogar, jogar, conversar e jogar mais um pouquinho.

Aí dessa vez esbarrei em um senhor que representa muito pra mim, tanto em termos de qualidade de jogos que ele produziu quanto em inspiração pra criações e iniciativas com a SpielBrasil. O nome dele é Peter Eggert, dono da Eggert Spiele.

Diferente dos autores-industriais que produzem 'sucessos certeiros' em série e sugam até a ultima gota em expansões, ele faz aquel perfil de autor-artesão, bem craftsman mesmo - tipo aquele senhor aqui no fim da rua que é alfaiate faz trinta anos e atende na garagem de casa ou num escritóriozinho escondido num prédio do centro. Convsersando com ele deu pra ver como as nossas idéias batiam (e eu já era fã antes disso), como é legal fazer uma produção pequena e descompromissada, poder ousar e expandir um pouco mais esse universo do tabuleiro.

Comecei a dar valor à Eggert Spiel uns anos atrás, quando caiu no meu colo um jogo meio obscuro e ignorado - o Global Powers. É a definição perfeita de uma gema ainda a ser polida, uma mecânica e dinâmica de jogo genial. Aí logo em seguida joguei outro da mesma empresa: o Neuland. Também excelente. E ambos tiveram somente quinhentas cópias produzidas (as maiores até aquela data, a tiragem média antes disso era 250). E só. Bola pra frente, vamos criar mais.

Até dois anos atrás, o seu maior sucesso de vendas era um de futebol que usa somente dois dados e é pura sorte. Estratégia zero. Média 5.5 no BGG. Irônico isso. "É só pra diversão mesmo, o pessoal compra ele pra jogar no trem indo pros jogos de futebol", foi a resposta quando eu pedi pra ele me ensinar esse joguinho.

Mas as coisas mudaram quando em Essen 2005 os caras lançaram um jogo de guerra chamado Anitke. Resolveram ousar um pouco mais e fizeram mil cópias, que esgotaram ainda na feira. Todo mundo pedindo, e a primeira edição saiu com uns errinhos. Porquê não fazer mais mil? Essa foi a segunda tiragem. A terceira, encomendada pelo Rio Grande é de dez mil. Mais do que todos os outros 13 jogos somados, produzidos nos 10 anos de história de empresa.

Em 2006 os seus dois últimos lançamentos vieram com uma grande expectativa, e não desapontaram - Imperial e Space Dealer. Dois jogos completamente diferentes em mecânicas, mas com o mesmo espírito inovador. Um deles mostra que dá pra ser enxuto e fazer um jogo de guerra básico, com toques de stock holding - o outro adiciona uma dimensão nova a jogabilidade: o tempo. De forma similar que o abstrato Tamsk, é o tempo real que dita o que precisa ser feito em que ordem.

Longa vida à Eggert Spiel e que venham as novidades!

(ps. só pra ficar claro - enquanto o Global Powers é de sua autoria, ele só trabalhou no desenvolvimento dos outros jogos citados, de autores distintos)

2 comentários:

Anônimo disse...

Neuland é excelente?! Cê bebeu ?! É o jogo mais feio já feito no universo... :P
Óia só, eu leio isso aqui tb. :)

Azulantas disse...

Muito boa esta "biografia" da Eggert Spiele.

Já agora estou curioso quanto a esse evento. Onde e quando se realizou? Organizado por quem? Qual a sua designação?

Obrigado!